quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Doutora Tartaruga

                    

                    Uma tartaruga, dessas de carinha redonda, inventou de ser médica; queria cuidar da bicharada que vivia na floresta. Estudou anos e anos até que um dia conseguiu se formar em medicina. Num caule caído fez seu consultório e chamou um sabiá pra ajudá-la. Era ele quem avisava quando algum animal precisava de socorro.
                    No primeiro dia, uma lagartinha se furou com um espinho, e lá se foi a Dra. Tartaruga calmamente acudi-la, mas quando lá chegou o que encontrou foi uma borboleta.
                         – E a lagarta? – disse a doutora.
                         – Aqui! – respondeu a borboleta – A ferida já sarou, pois o tempo já passou e borboleta agora eu sou!
                    Enquanto a tartaruga acabava de ouvir a borboleta, o sabiá chegou gritando:
                         – O girino, o girino... pulou pra fora do rio e está agonizando!
                    E foi de novo a tartaruga, com toda sua calma, em direção ao rio; mas quando chegou lá o que encontrou foi um sapo.
                         – E o girino? – disse ela.
                         – Aqui!... É que choveu, a água escorreu e pro rio me devolveu. Além do mais, o tempo já passou, meu rabo já se largou e um sapo agora eu sou!
                   A tartaruga saiu um tanto decepcionada e o sabiá foi até ela novamente:
                         – A tartaruga, aquela sua prima tartaruga! Esta comendo uma planta venenosa sem saber!
                   E foi a incansável médica prestar o seu socorro. Quando lá chegou disse:
                        – E a tartaruga?
                        – Aqui... Minha boca queima e minha barriga dói!
                        – Ah que bom que desta vez cheguei a tempo de prestar socorro!
                        – Mas sabe doutora... é que eu vinha mastigando há dias e só fui engolir mesmo agora.
                   Após ouvir aquilo, a Dra.Tartaruga decidiu deixar de ser médica. E resolveu estudar para ser guarda-florestal.

(Narcélio Lima)

Publicado no Recanto das Letras em 30/08/2009
http://www.recantodasletras.com.br/infantil/1782838

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Formiga e a Abelha

                  
Um enorme bombom foi jogado em um jardim. Logo depois apareceu uma formiga para ver o que era aquilo. Ela olhou... olhou... de um lado a outro, de cima a baixo e resolveu tocar. Mas quando pôs suas patinhas – imaginem só  –  ela ficou colada. E fazia força, e se contorcia, mas de nada adiantava. Foi quando apareceu uma abelha e ela enfim pôde pedir ajuda.
                           – Olá. Que bom vê-la, dona abelha! Imagine que eu vinha passando, encontrei esse enorme doce e...
                       Antes que ela terminasse de falar, a tal abelha já havia tocado no mesmo bombom.
                           – Não podia tocar! – Disse a formiga – Agora você também está colada!
                       A abelha também fez força, bateu suas asinhas, e nada.
                           – Acho que é açúcar, e você? – Perguntou a formiga.
                           – Tenho certeza que é mel! – Respondeu a abelha cheia de si.
                           – Mas mel não cor de rosa, dona abelha!
                           – E nem açúcar tem esse tamanho, dona formiga!
                       Enquanto as duas discutiam, apareceu um sapo faminto, que logo se intrometeu:
                           – Hummm! Uma formiga e uma abelha coladas em um... em um... as senhoritas poderiam me dizer em que estão coladas?
                           – Em uma porção de mel! – Disse a abelha.
                           – Em uma pedra de açúcar! – Disse a formiga.
                       Essa discussão perdurou por várias e várias horas, até que o sapo, furioso, exclamou:
                           – Eu não quero saber se é açúcar ou mel. O fato é que hoje eu terei almoço e sobremesa no mesmo prato!
                       Depois de ouvir esse absurdo, a formiga sabiamente falou:
                           – Não, senhor sapo, não pode nos comer. Isto aqui é uma porção de mel, e, se as abelhas o virem comendo o alimento delas, certamente o senhor vai levar um montão de ferroadas!
                       O sapo acreditou na história, e assustado foi embora. A abelha, alegre e satisfeita disse:
                           – Eu sabia, eu sabia que você ia admitir que nós estamos grudadas em uma porção de mel.
                       A formiga, feliz porque acabara de salvar suas vidas, não quis insistir na teimosia. Para ela, não importava mais saber se aquele doce desconhecido era mel ou açúcar. Apenas sugeriu que ambas comessem tudo aquilo, para enfim se libertarem.
                       Assim terminou a história: a abelha comendo o que pensava que era mel, e a formiga comendo o que nem ela mesma conhecia.

(Narcélio Lima)

Publicado no Recanto das Letras em 09/09/2010
http://www.recantodasletras.com.br/infantil/2488263

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Convite para o São João

Vai ter festa de São João!
Vai ter festa! Que alegria!
Lá no céu vai ter balão
E na terra fantasia!

As meninas vão dançar,
Balançar a noite inteira.
Os meninos vão brincar,
Vão pular muita fogueira.

Vamos logo, se arrume!
Não me chegue atrasado!
Se penteie, se perfume
Pro arraiá mais animado!

(Narcélio Lima)

domingo, 1 de abril de 2012

AS PATAS

A pata que é do pato
Grasna alto lá no mato
A pata do cavalo
Dá patada no asfalto.

Uma não conhece a outra
Outra não se acha pata
O fato é que nem o pato
Sabe quem é a mais chata.

(Narcélio Lima)
A GALINHA

A galinha do pescoço pelado
Belisca, futrica, cisca
Joga areia pro lado
Não pisca enquanto lambisca.

A galinha no chão cacareja
É ela quem canta de galo
É ela que nessa peleja
Encontra seu próprio regalo.

Ela arrisca e petisca
Risca o chão com vontade
Galinha que pára e não cisca
Não sabe o que é liberdade.

(Narcélio Lima)


A TARÂNTULA ATARANTADA

A tarântula foi à Itália
Dançar a tarantela
Mas que coisa engraçada
Parecia uma donzela

Quando a música tocou
Todo mundo se animou
Começaram a cantar
E a tarântula a pular

E o som acelerando
E a coitada ali girando
Todo mundo de mãos dadas
E coitada atarantada

Quando a festa acabou
A tarântula caiu
A apesar das oito pernas
Nem a mesma resistiu.

(Narcélio Lima)

O Galo

O pintinho ciscou tanto
Quando viu já era galo
Acordava com seu canto
Mas quiseram cozinhá-lo.

Ele triste foi embora
Levou fama de covarde
É por isso que agora
Todo mundo acorda tarde.

(Narcélio Lima)